Quatro afirmações “auto refutantes” ouvidas em faculdades ao redor do mundo

Hoje é um dia inédito no blog do Andrew! É a primeira vez que publico um artigo que traduzi. Não pretendo fazer isso sempre, pois já há blogs que o fazem com maior frequência e perícia. Prefiro sempre produzir material inédito, mas ao me deparar com esse artigo eu pensei: “Eu bem que podia ter lido isso quando eu ainda estava na faculdade”. Não que eu não me depare com as afirmações abaixo hoje em dia, mas é que naquela época era algo muito mais comum. Pensando na minha experiência, decidi reproduzir aqui o artigo para os que não leem em inglês. O artigo original é intitulado Quatro afirmações “auto refutantes” ouvidas em faculdade ao redor dos EUA. Como as ouço no Brasil também, omiti a localização no título do post.

Sem dar spoilers, o artigo fala de afirmação contraditórias que ouvimos quase que diariamente quando somos confrontados por conta da nossa fé. Quando entramos numa discussão onde surgem tais declarações, não devemos ter medo de discutir e argumentar a nossa fé, até porque está escrito:

“Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.” 1 Pedro 3.15

 

Temos que pensar sobre o que cremos. Temos que entender e saber explicar até onde for possível racionalmente a nossa fé. Para tanto precisamos renovar a nossa mente (Rm 12.1,2), estudar a Palavra, mas também ouvir e pensar atentamente sobre o que é dito sobre nós. Não pense que seremos capazes de convencer todo e qualquer um que nos confrontar, mas também não podemos simplesmente nos aquietar e fugir de uma boa conversa por conta da nossa incompetência.

Para efeitos de direito autoral, a tradução foi feita sem o consentimento do autor. Mandei e-mails, mas não recebi resposta. O artigo original foi escrito por J. Warner Wallace, autor do livro Cold-case Christianity, e pode ser lido aqui.

OBS de tradução: Como não existe um termo exato para “self-refuting” (no inglês), optei por um certo neologismo ao usar o termo “auto refutantes”, que não existe no português. Mas acho que vai dar para entender uma vez que você ler o artigo.

Quatro afirmações “auto refutantes” ouvidas em faculdades ao redor dos EUA.

imagesSe eu começasse esse post dizendo “Não consigo escrever uma palavra sequer em português”, você provavelmente enxergaria a contradição. A minha frase trai a sua própria afirmação, não é? Tal é a natureza das afirmações que refutam a si mesmas. A Wikipedia define tais declarações como “afirmações cuja falsidade é a consequência lógica do ato ou situação que as torna verdade.” Você se surpreenderia com a frequência com a qual pessoas costumam dizer algo que se auto refuta, mas há uma variedade de afirmações comuns que ouvimos (ou usamos) todo dia que caem nessa categoria.

“Não me incomode, estou dormindo.”

“Eu não vou responder isso.”

“Não posso falar com você agora.”

Há momentos em que nossas palavras caem sob seu próprio peso. Aaron, um amigo querido que trabalha no site PleaseConvinceMe.com recentemente postou uma lista exaustiva dessas afirmações da forma que aparecem nos ambientes filosóficos e acadêmicos. Ao treinar cristãos na faixa etária da universidade ao redor do país e ouvir atentamente às suas experiências do cotidiano, comecei a reunir algumas das afirmações “auto refutantes” ditas por professores universitários. Aqui estão as quatro principais:

1. “Não há verdade objetiva” / “Uma verdade objetiva não existe”

Talvez a mais obviamente auto refutante de todas, essa afirmação (ou alguma parecida) ainda é mencionada em muitos cenários de universidades, de acordo com os alunos que treino. Assim como todas as afirmações auto refutantes, ela pode ser verificada simplesmente ao aplicá-la a si mesma. Ao perguntar “Essa afirmação é uma verdade objetiva?”, vemos rapidamente que a pessoa que a afirma crê que há pelo menos uma verdade objetiva: que não há verdade objetiva. Você enxerga o problema?

2. “Se uma verdade objetiva existe, não há quem possa saber com certeza qual seja” / “É arrogância assumir que você conhece a verdade com certeza”

Novamente, o professor que faz tal afirmação parece estar confiante e certo de uma verdade: que não há uma pessoa sequer que possa estar certo ou confiante da verdade! Essa afirmação cai sobre a própria espada no momento em que é dita.

3. “A ciência é a única maneira de determinar a verdade” / “Só confio naquilo que posso determinar por meio do método científico”

Meus alunos relatam essa com frequência, e ela talvez precise de um pouco mais de atenção para ser identifica como auto refutante. Quando um professor a afirma, devemos apenas perguntar: “A ciência pode comprovar se essa afirmação (a respeito da ciência) é verdade” ou “Qual foi o experimento científico que lhe apontou esse resultado?” A verdade é que não há um método ou processo científico pelo qual pode-se validar essa afirmação. É uma afirmação filosófica presumida que está fora do campo de análise da ciência.

4. “Presumir que a sua visão é melhor do que a do próximo é intolerância” / “A tolerância requer que nós aceitemos todas as visões igualmente”

Há uma afirmação ainda mais auto refutante escondida nessa frequente definição errônea do que seja tolerância. Pessoas que crêem nessa visão corrupta dizem que aceitam toda e qualquer visão como sendo igualmente verdadeira. Mas se você afirmar que algumas ideias são evidentemente falsas e têm valor inferior a outras, sua afirmação será rejeitada. Ou seja, elas aceitarão qualquer visão como sendo de valor equivalente, menos a sua afirmação de que algumas visões não são de igual valor. Dá para enxergar a incoerência? Aqueles que adotam essa definição de tolerância não podem implementar de maneira coerente a sua própria visão de tolerância.

Essa última afirmação a respeito da tolerância talvez seja o futuro campo de batalha da auto refutação. A maioria de nós cristãos reconhece essa afirmação e já foram acusados de intolerância uma hora ou outra. As afirmações exclusivistas do cristianismo referentes à salvação (somente por meio da fé em Cristo) nos colocam no centro do alvo de tal crítica. No próximo post, examinarei a verdadeira natureza da tolerância ao nos ajudarmos a navegar pelo conceito e aprender a defender a definição clássica do termo.

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6 comentários sobre “Quatro afirmações “auto refutantes” ouvidas em faculdades ao redor do mundo

  1. Obrigada por nos proporcionar o acesso ao artigo. Eu estou na Universidade como estudante e funcionária. Sou apaixonada pelo ambiente universitário e acredito que os que não acreditam são tão crédulos quanto nós Cristãos, porém eles se acham superiores. Tem razão, as afirmações exclusivistas do cristianismo nos coloca numa berlinda, mas sempre reflito que as afirmações generalizadas da Ciência são exclusivistas também, visto que se não seguirmos a receita de bolo do método cientifico não estamos fazendo Ciência.
    Já leu esse artigo? http://www.feth.ggf.br/Murilo.htm
    O que mais me impressiona nas aulas que tive de Epistemologia e filosofia (sou de Ciências Sociais Aplicadas) é que o estudo de alguns teóricos até citados no artigo indicado só confirmam a Verdade da Bíblia. Parabéns pelo blog! Fique com Deus!

  2. Incrível como isso acontece meeeeesmo!!! No meu primeiro ano de faculdade sofri bastante, por que sempre entrava em um debate sem fim com o meu professor de filosofia. Ele deixava os alunos confusos e quando se tratava da palavra de DEUS pegava textos separados do contextos e eu como cristã não queria deixar os meus amigos no escuro.
    É muito difícil, quando essas coisas acontecem. Você tem que esta sempre em sintonia com as escrituras bíblicas para não ser pego também nessas, como o Andrew falou, afirmações “auto refutantes”.

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