Porque todo cristão deveria observar a Quaresma

Este texto foi escrito por Ann Swindell e tirado do site da revista RELEVANT, onde foi publicado no dia 10 de fevereiro de 2016. Você pode acessar o texto original tanto como uma série de outros artigos em inglês (que recomendo enfaticamente) aqui


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Historicamente, a Quaresma é o período que antecede a Páscoa no calendário da Igreja e geralmente é tida como um momento de reflexão e arrependimento. É um período de preparação, espera e recordação.

Mas a Quaresma é importante? Será que vale a pena observar – ou pelo menos reconhecer – especialmente se, como eu, você não faz parte de uma tradição litúrgica? Eu acho que sim. Aqui estão quatro razões porque a Quaresma é importante e como ela pode nos apontar à verdade do Evangelho de maneiras práticas e significantes:

A Quaresma é uma recordação da nossa necessidade de arrependimento

Arrependimento não é apenas uma palavra atraente. Arrependimento é um chamado para nos redirecionarmos e afastarmos das nossas práticas pecaminosas. Significa, primeiro, o reconhecimento de que somos pecadores e então dizer não ao pecado. Mas o arrependimento está no centro do cristianismo. Aliás, não podemos sequer seguir a Cristo sem nos arrependermos do nosso caminho pecaminoso e escolher o caminho d’Ele (Atos 2.38).

A Quaresma é um período de reconhecimento da nossa necessidade constante e diária por arrependimento e, portanto, da nossa necessidade por um salvador. É importante lembrar o quão desesperadamente precisamos ser salvos do nosso pecado e que Jesus é a única esperança que temos para essa salvação. Essa realidade nos fundamenta na bondade e no amor de Cristo.

Durante a Quaresma, diminuímos os excessos

Tradicionalmente, os cristão têm considerado a Quaresma um tempo em que aquilo que é supérfluo é retirado para que sejamos lembrados da necessidade perante e por Deus. Cristãos ainda fazem isso hoje, abrindo mão de carne ou chocolate, ou abstendo de outros prazeres e lazeres, como assistir televisão.

Ao tirarmos coisas que desviam nossa atenção e alimentam nossos anseios, o período da Quaresma nos convida a tratar daquilo que realmente está acontecendo em nossas almas, assim como ter nossas necessidades supridas por Deus, primeira e unicamente.

A Quaresma nos lembra da nossa humanidade

Quando eu fazia parte de uma igreja litúrgica na faculdade, fui ao meu primeiro culto de Quarta-feira de Cinzas, onde fui marcada na testa com cinzas enquanto ouvia as palavras “Do pó vieste e ao pó retornarás.”

Parecia que alguém tinha me dado um soco e fiquei completamente sem ar. Era uma lembrança da morte. Sendo eu universitária, raramente pensava sobre minha finitude, minha fragilidade. Mas aquela declaração sobre mim, de que comecei do pó e que para lá retornaria, me humilhou profundamente, da melhor maneira possível.

A Quaresma me apontou de volta à verdade de que todo meu valor e propósito vem de ser uma pessoa criada à imagem e semelhança do Deus que me criou e que criou a maneira para que eu fosse salva. Fora d’Ele, sou pó; nada sou e nada tenho. Mas por causa do seu grande amor, minha vida tem um valor infinitamente maior que o pó.

A Quaresma nos desintoxica, para que nos preparemos para celebração

A Quaresma é um período de reflexão, até de luto, e essa atitude é um tapa na cara da maioria da cultura em que vivemos. É necessário nos desintoxicarmos ao confrontar nosso quebrantamento, ao interromper nosso desejo por uma vida leve e tranqüila, se quisermos celebrar a milagrosa mensagem da Páscoa que muda nossa vida.

Se não estivermos cientes da nossa pecaminosidade e necessidade, não seremos capazes de compreender o desespero da Sexta-feira da Paixão ou da verdade transformadora da Ressurreição. Desintoxicar nossa mente e coração em preparação para a Páscoa nos capacita para celebrar de maneira mais profunda e alegre, talvez, que conseguiríamos sem a solenidade dessa tradição. Porque conhecer nossa verdadeira natureza, conhecer nossa necessidade por Cristo faz com que a Páscoa seja a melhor e mais necessária Boa Notícia que jamais possamos receber.

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Você pode conhecer mais do trabalho de Ann Swindell em annswindell.com.